Hoje faz dezasseis anos que Miguel Torga desapareceu do mundo dos vivos. Poeta extraordinário, contista de múltiplos recursos, Torga foi um dos maiores cultores da Língua Portuguesa. A melhor maneira de homenageá-lo é recordar aquilo que o torna imortal: a sua obra. Para este dia escolhi um dos seus mais belos e derradeiros poemas:
PRENDA DE ANIVERSÁRIO
É tudo o que ficou.
A lembrança perene
Do que fomos, sentimos e pudemos
No tempo intemporal da juventude.
Ilusões de energia e saúde
Em cada gesto que já não fazemos
Mas apetecemos.
É o vazio de nós
Cheio de nós.
As indeléveis pegadas
Que deixamos
Nos líricos caminhos percorridos
Invisíveis à vista desarmada.
É o que ficou.
O calor memorado
Da fogueira apagada.
Todos os orientes da imaginação
Visitados.
É o que ficou e ficará, Mulher.
A cinza destes versos invernais
De amor e tristeza...
E a íntima certeza
De que é tudo verdade
O que de nós disser
A mudez da saudade!
E para terminar deixo-vos também um pequeno vídeo que percorre, de maneira rápida, a vida, a obra, a intervenção pública de um dos mais escriotres portugueses.
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