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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

MIGUEL TORGA

Hoje faz dezasseis anos que Miguel Torga desapareceu do mundo dos vivos. Poeta extraordinário, contista de múltiplos recursos, Torga foi um dos maiores cultores da Língua Portuguesa. A melhor maneira de homenageá-lo é recordar aquilo que o torna imortal: a sua obra. Para este dia escolhi um dos seus mais belos e derradeiros poemas:

PRENDA DE ANIVERSÁRIO

É tudo o que ficou.
A lembrança perene
Do que fomos, sentimos e pudemos
No tempo intemporal da juventude.
Ilusões de energia e saúde
Em cada gesto que já não fazemos
Mas apetecemos.
É o vazio de nós
Cheio de nós.
As indeléveis pegadas
Que deixamos
Nos líricos caminhos percorridos
Invisíveis à vista desarmada.

É o que ficou.
O calor memorado
Da fogueira apagada.
Todos os orientes da imaginação
Visitados.

É o que ficou e ficará, Mulher.
A cinza destes versos invernais
De amor e tristeza...
E a íntima certeza
De que é tudo verdade
O que de nós disser 
A mudez da saudade! 

E para terminar deixo-vos também um pequeno vídeo que percorre, de maneira rápida, a vida, a obra, a intervenção pública de um dos mais escriotres portugueses.


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